Tom Eiseinlohr recorda no Facebook:
Com a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, as Forças Armadas vetaram a posse do vice-presidente João Goulart, sob o argumento de que ele iria instaurar o comunismo no País. Para superar o impasse, foi feito um acordo com os militares, de que Jango exerceria o mandato presidencial sob regime parlamentarista.
O novo sistema, porém, tirou-lhe os meios para aprovar suas propostas políticas. Mesmo assim, Jango elaborou um plano de governo baseado em três pontos fundamentais: o desenvolvimento econômico, o combate à inflação e a diminuição do déficit público. As dificuldades levantadas acabaram forçando a antecipação do plebiscito que decidiria qual regime seria adotado no país.
Nesse quadro, Jango reúne-se com governadores aliados em sua casa de São Borja-RS, em 1962, e lança manifesto conclamando a sociedade a votar pelo presidencialismo (foto). Em janeiro de 1963, sob forte campanha publicitária, a população brasileira apoiou então o retorno do sistema presidencialista, o que acabou dando maiores poderes ao presidente.
Jango passou a defender a realização das chamadas Reformas de Base, que poderiam promover a distribuição de renda, mas quebravam os interesses dos grandes proprietários, do grande empresariado e das classes médias. As Forças Armadas, com o apoio das elites e da logística norte-americana, começaram a arquitetar o golpe, encorajando os conservadores a realizarem atos de protesto público, como a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”.
A foto foi feita no ato de lançamento do manifesto, em São Borja. Estão sentados com Jango, da esquerda para a direita, os governadores do PTB: Roberto Silveira (RJ), Parsival Barroso (CE), Leonel Brizola (RS) e, encoberto pelo locutor, Mauro Borges (GO). Eu, que estou com o microfone na mão, cobria o fato como repórter político da Rádio Gaúcha, de Porto Alegre.
Foto: Arquivo Pessoal